Musicoterapia: O que é e para que serve?

Musicoterapia

Como todos sabemos, a música exerce um poderoso efeito nas emoções e nos sentimentos, e talvez por esta razão a musicoterapia ou terapia baseada na música tenha origens antigas. Esta expressão cultural acompanhou a humanidade desde os seus inícios e há muitas evidências históricas da sua eficácia.

É mencionado na Bíblia que David curava com este meio o rei Saúl. Platão recomendava a dança para curar as fobias e Ficino, médico renascentista, tratava os melancólicos incentivando-os a criar géneros musicais. Vejamos como foi a sua evolução na atualidade.

O que é a musicoterapia? 

Este tipo de terapia consiste em utilizar as reações e respostas das pessoas perante a música e as conexões e associações que se estabelecem com a finalidade de induzir alterações no estado de espírito. Para tal, são utilizadas diversas formas de se relacionar com a música, bem como de a escutar: interpretar, criar, improvisar, cantar ou dançar.

O principal objetivo é melhorar a saúde mental e aumentar a sensação de bem-estar. A interação adequada entre os doentes e os terapeutas é fundamental para alcançar as metas estabelecidas.

É muito importante estabelecer claramente que esta terapia não cura nenhuma doença, mas é uma ferramenta eficaz e gratificante para controlar sintomas e desconfortos, tais como a ansiedade.

A Federação Mundial de Musicoterapia define esta atividade como a “utilização profissional da música e os seus elementos como uma intervenção em ambientes médicos, educativos e quotidianos com indivíduos, grupos, famílias ou comunidades, procurando otimizar a sua qualidade de vida e melhorar a sua saúde física, social, comunicativa, emocional e intelectual, bem como o seu bem-estar”.

É importante que tenhamos presentes dois aspetos. O primeiro é que esta terapia é regida por padrões profissionais, que variam de acordo com os contextos culturais das diferentes sociedades. Por outro lado, o musicoterapeuta com uma preparação profissional de vários anos, centrada na música e na psicologia. Em todo o mundo, existem atualmente várias associações e sociedades de musicoterapia que se encarregam, entre outras funções, de formar estes especialistas. 

A sua história

Os percursores do desenvolvimento da terapia musical em princípios do século XX foram Emile Jacques Dalcroze e Carl Orff. Este último é o compositor da famosa obra “Carmina Burana”.

Posteriormente, e após a Primeira Guerra Mundial, nos hospitais de veteranos dos Estados Unidos, eram contratados músicos para prestar apoio terapêutico aos doentes. Os médicos mostraram um interesse crescente nos seus efeitos e, com o passar do tempo, foi criada a Associação Nacional de Terapia Musical, em 1950. Esta foi a primeira instituição que começou a formar musicoterapeutas.

Para que serve a musicoterapia?

A musicoterapia proporciona uma forma acessível e agradável de processar as experiências negativas e de expressar os sentimentos. As pessoas utilizam o poderoso efeito da música há muito tempo, pois tem a capacidade de influenciar as nossas emoções, ajudando-nos a processar um vasto conjunto delas.

Os diferentes estilos musicais conduzem-nos a experimentar tristeza, nostalgia, entusiasmo, alegria, tranquilidade ou recolhimento. Os componentes da música, o ritmo, a harmonia, a melodia e o tom são processados em diferentes áreas do cérebro. Por este motivo, a forma como é modificada a nossa emotividade é um tema complexo.

Por exemplo, o lóbulo temporal interpreta o tom, o lóbulo frontal o ritmo e o núcleo accumbens, o centro do prazer, é estimulado vigorosamente por determinados tipos de música. Estas respostas são utilizadas pela terapia musical para ajudar as pessoas com perturbações mentais. A musicoterapia é uma oportunidade para desfrutar de uma experiência nova de saúde e bem-estar.

Vantagens em relação a outros tipos de tratamentos

Esta terapia, como já explicámos, utiliza a música como a sua ferramenta fundamental. Como não depende dos códigos complexos que regem a linguagem, proporciona um canal de comunicação mais livre e espontâneo às pessoas que têm problemas na sua expressão verbal ou escrita. Este aspeto tem grande relevância quando pretendemos utilizar terapias da fala, tais como a psicoterapia ou a terapia cognitiva, e encontramos um doente com uma comunicação alterada.

Outra vantagem é que pode ser levada até ao local onde se encontram os doentes que dela precisam, mas que têm limitação de movimentos. Este aspeto é igualmente vantajoso quando pretendemos tratar doentes que preferem permanecer num ambiente conhecido, como no caso das crianças e dos portadores de determinadas perturbações mentais.

Aprender a tocar um instrumento proporciona efeitos incontestáveis e permite desenvolver competências, capacidades e habilidades que serão úteis no dia a dia. São vantagens amplamente reconhecidas e, entre elas, destaca-se a disciplina, a perseverança, a coordenação psicomotora, a criatividade e as capacidades cognitivas. Por estes motivos, tocar pode ser útil para a deterioração cognitiva na terceira idade.

Por outro lado, esta atividade propicia a interação em grupo, na qual as pessoas podem improvisar ou recordar temas musicais da sua juventude. Também é um espaço para os jogos de expressão corporal, cantar ou dançar. É uma terapia que estimula os aspetos lúdicos e que proporciona diversão, facilitando assim a adesão ao tratamento.

Benefícios para a saúde

De um modo geral, esta terapia melhora a comunicação, a autoconfiança, a comunicação, a autoconsciência e a perceção dos outros, bem como a independência e a capacidade de concentração. Entre os benefícios documentados, destacam-se os seguintes: aumento da motivação e da autoestima, melhor verbalização, conexões mais profundas com os outros, menores níveis de ansiedade e expressão emocional mais eficaz.

Expressão e interpretação

O aspeto lúdico da terapia musical permite encontrar formas mais criativas de expressar ideias e sentimentos complexos ou difíceis de aceitar e processar. Analisar a letra de uma composição ajuda a evocar recordações e criar associações. Desta forma, encontram-se as palavras precisas para comunicar melhor.

Conhecer a história e o contexto de uma obra musical é um estímulo para descobrir, explorar e compreender outras culturas, já que qualquer tipo de género é admissível. Fora do contexto habitual, os doentes podem, por exemplo, encontrar significados inovadores ou criar novas letras para se conectarem com as suas emoções e projetá-las.

Efeitos positivos sobre a depressão

Os indivíduos que sofrem de depressão experimentam um alívio dos sintomas, em maior medida quando recebem terapias da fala em conjunto com a musicoterapia. Criar ou interpretar uma obra musical é um estímulo para a autoestima, além de melhorar a capacidade de expressão. 

Ao ouvir música, são libertadas hormonas e neurotransmissores, tais como a dopamina e as endorfinas, que geram bem-estar, elevam o estado de espírito e aliviam a dor, factos que já foram provados por vários estudos

Melhora a ansiedade

As evidências obtidas cientificamente indicam-nos que este tipo de terapias podem reduzir o stress e a ansiedade. Este efeito está associado à diminuição da produção das hormonas relacionadas com estes transtornos, como o cortisol e a adrenalina. Para compreender melhor estes efeitos positivos, é conveniente saber o que é a ansiedade

Os pacientes que se submetem à musicoterapia experimentam uma redução nos níveis de stress e nos sintomas que o acompanham. Da mesma forma, detetou-se uma melhoria nas pessoas submetidas a cirurgia e nas pessoas internadas nos cuidados intensivos.

Benefícios da musicoterapia para as crianças

As crianças são particularmente sensíveis aos efeitos positivos da música. Por este motivo, beneficiam até mais do que os adultos, especialmente quando se explora o potencial lúdico desta terapia. Entre outros benefícios, socializam mais, aprendem a concentrar-se e dormem melhor. Os mais conhecidos são os seguintes:

  • Aprender a comunicar e a interagir socialmente.
  • Aumentar a coordenação, a concentração e a atenção.
  • Cultivar formas divertidas de se expressar, com jogos criativos.
  • Aumentar a consciência de si mesmo e dos outros.
  • Desenvolver competências verbais e auditivas.
  • Melhorar a autoestima e resiliência.
  • Fortalecer as relações interpessoais e familiares.

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Os benefícios da musicoterapia não se limitam a alcançar o bem-estar emocional; como vimos, vão muito além disso. A terapia musical constitui um poderoso estímulo para desenvolver aspetos muito valiosos da vida. Nas redes sociais da Atida | Mifarma, dispomos de um amplo e variado conjunto de informações sobre a depressão, a ansiedade e muitos outros temas de saúde.

Reme Navarro Escrivá

Farmacêutica e Nutricionista. Licenciada em Farmácia na Universidade de Valencia no ano 2007, Licenciada em Nutrição na mesma universidade em 2009. Dedicada ao mundo da saúde e da farmácia há mais de 15 anos. De reunião em reunião, na Atida eu escrevo este blog sobre temas que considero interessantes para a saúde e cuidado pessoal.