Dispepsia

dispepsia

Azia, sensação de peso no estômago ou inchaço abdominal são alguns dos sintomas experimentados quando se sofre de má digestão. Isto deve-se, entre outras razões, ao facto de não se comer de forma adequada, ou seja, devagar. Por isso, em seguida, vamos falar do que é a dispepsia e de como a tratar.

O que é a dispepsia e porque se manifesta?

A indigestão ou dispepsia diz respeito à dor ou desconforto produzido na parte superior do abdómen. Algumas pessoas queixam-se de sintomas como náuseas, acidez, inchaço ou dor e outras, por sua vez, apresentam indigestão. Ainda assim, todas elas têm em comum o facto de sofrerem de mal-estar nesta zona.

Por todas estas razões, podemos definir esta condição como um conjunto de sintomas que têm origem no trato gastrointestinal superior. Estes ocorrem sem necessidade de que coexista uma doença metabólica ou uma causa estrutural que os possa explicar.

O estômago das pessoas que sofrem desta condição não relaxa em resposta a uma refeição, uma vez que são observadas alterações na evacuação gástrica e nas contrações. Em determinados casos, também pode manifestar-se uma maior atividade gástrica, denominada hipersensibilidade visceral.

Cerca de 25% da população apresenta dispepsia, um dado que se traduz numa grande quantidade de consultas médicas. Na verdade, representa 5% das consultas médicas e entre 40 e 70% dos problemas digestivos na prática clínica.

Causas da dispepsia

A origem desta patologia não é totalmente clara. Os médicos consideram-na mais como um problema funcional. Como tal, os exames de rotina podem apresentar resultados normais e sem anomalias. O seu diagnóstico costuma ser feito em função dos sintomas.

Em alguns casos, os sintomas aparecem após uma refeição abundante ou após consumir determinados medicamentos que podem danificar a mucosa gástrica. Isto acontece, por exemplo, com os anti-inflamatórios ou com a aspirina.

Outras causas estão mais relacionadas com perturbações psicológicas. Estas podem ir de depressão até ansiedade ou stress. 

Em terceiro lugar, há pacientes que manifestam esta doença e que a associam a problemas como uma úlcera no duodeno ou no estômago, provocada pela bactéria Helicobacter pylori.

Além disso, há outras razões que podem desencadear a dispepsia. Entre as mais frequentes, podemos encontrar as seguintes:

  • Ingestão de alimentos picantes, gordurosos ou com muita fibra. 
  • Ingestão de grandes quantidades de comida em pouco tempo. 
  • Consumo excessivo de álcool, tabaco ou cafeína. 
  • Tabagismo.

Tipos de dispepsia

Agora que já sabemos o que é a dispepsia e quais são as suas causas mais usuais, podemos distinguir dois tipos:

  • Dispepsia funcional. É aquela que é produzida sem motivo aparente e não como consequência de uma falha orgânica. 
  • Dispepsia orgânica. A causa da dispepsia é uma lesão orgânica.

Aprenda a identificar os sintomas

A sintomatologia comum desta doença pode incluir o seguinte:

  • Sensação de saciedade ao comer de forma rápida. 
  • Azia ou dor estomacal, arrotos excessivos, inchaço ou náuseas após a refeição. 
  • Dor de estômago não associada às refeições ou que é aliviada por estas.

Em que casos convém consultar o seu médico?

É aconselhável consultar um profissional se tiver sintomas persistentes que o preocupem. Além disso, sugerimos que procure assistência imediata nas seguintes situações:

  • Perda de peso sem razão aparente. 
  • Falta de ar. 
  • Vómitos acompanhados de sangue. 
  • Excrementos ou fezes de cor muito escura, como o alcatrão. 
  • Dor que se estende até ao braço, pescoço ou maxilar.

Como se cura: diagnóstico e tratamento

É possível detetar a dispepsia através dos seguintes procedimentos:

  • Ecografia abdominal. 
  • Endoscopia gastrointestinal. Este método de diagnóstico também é conhecido como esofagogastroduodenoscopia. Consiste num exame no qual são visualizados o estômago, o esófago e o duodeno com o objetivo de verificar se existem lesões ou não.

Tratamentos para a dispepsia

Se o desconforto não é recorrente, não é necessário dirigir-se ao posto médico, uma vez que é possível que desapareça por si só. Ainda assim, caso vá a uma consulta, o especialista pode recomendar-lhe diferentes tipos de tratamento, dependendo de como é afetado pela doença:

  • Dieta. Regra geral, os pacientes têm sintomas associados ao consumo de alimentos. Por este motivo, recomenda-se que a ingestão seja realizada em pequenas quantidades e que seja baixa em gorduras e calorias.
  • Antibióticos. Se o médico lhe receitar antibióticos, o objetivo será eliminar a bactéria Helicobacter pylori, visto ser a causadora da doença.
  • Outros medicamentos. Pode receitar-lhe medicamentos indicados para reduzir o ácido como, por exemplo, o omeprazol.

Quanto tempo dura a dispepsia?

Geralmente, o prognóstico da dispepsia é favorável, já que se trata de uma patologia bastante frequente na sociedade. Além disso, a causa está normalmente relacionada com processos orgânicos benignos que tendem para este tipo de prognóstico em que não há riscos associados.

Contudo, outras vezes, a doença pode evoluir para doença crónica. Ainda assim, isto é algo que normalmente não acontece e, quando acontece, é devido a patologias graves com prognóstico negativo.

Neste sentido, a dispepsia pode ser um evento pontual de curta duração ou longa duração, se se tornar crónica.

Alimentos recomendados

Na Atida | Mifarma, estamos sempre atentos ao seu bem-estar e oferecemos-lhe conselhos nutricionais para que o seu estilo de vida seja saudável. Numa altura como esta, também queremos abordar a importância da alimentação nos sintomas da dispepsia.

As pessoas que convivem com esta patologia funcional são aconselhadas a consumir cereais integrais e sem glúten em vez dos refinados. O motivo é que previne a inflamação desnecessária da mucosa gastrointestinal.

As bolachas de arroz, o pão torrado, a batata-doce, o milho ou o arroz são alguns dos alimentos mais bem tolerados. Ao consumir peixe, aconselhamo-lo a apostar no peixe branco porque tem menos gordura. Por sua vez, o peixe azul pode produzir uma maior acidez. No caso da carne, também encontramos este mesmo argumento. Portanto, é preferível consumir peru, coelho ou frango.

Os caldos vegetais cozinhados sem cebola, pimento, tomate ou aipo são muito bem tolerados. Contudo, os cozinhados com carne aumentam a secreção ácida e devem ser evitados.

O que acontece com os ovos? À partida, não há nenhum motivo para abdicar deles. Quando os cozinhar, recomendamos que os faça cozidos, mexidos ou em tortilhas, acompanhados de azeite de baixa acidez, a fim de evitar desconforto.

A água deve ser a sua bebida favorita para manter o corpo bem hidratado. Contudo, certifique-se de que não está gelada e de que não contém gelo, mesmo que seja verão. Outro conselho é não beber mais de um copo durante as refeições. Desta forma, irá melhorar os sintomas, impedir a formação de gases e beber mais entre as refeições. Conseguirá fazer com que a saciedade marque a sua presença. 

Alimentos que deveria rejeitar

Há alimentos que podem ser muito benéficos ou inofensivos para esta doença. Contudo, há outros que são contraproducentes e devem ser evitados a todo o custo. Referimo-nos aos alimentos ricos em gorduras como, por exemplo, as carnes gordas (porco e borrego), os embutidos, os alimentos processados e os ultraprocessados (confeitaria, pastelaria, doçaria, entre outros). Seja como for, esta lista é muito mais extensa. Tome nota!

  • Frutos secos. Especialmente se forem fritos porque contêm uma elevada percentagem de fibra e gorduras. 
  • Alimentos ácidos. Toranja, tomate, pimento, laranja, cebola, aipo, alho, morango, ananás, tangerina, vinagre, limão, etc. 
  • Menta e mel, já que fornecem uma grande quantidade de ácidos orgânicos. 
  • Bebidas alcoólicas. Neste grupo, incluímos o vinho, a cerveja, o chá, as bebidas gaseificadas e açucaradas, o café, os smoothies e os sumos feitos com frutas ácidas.

Últimos conselhos relacionados com a alimentação e a dispepsia

A nível culinário, importa recordar que não convém cozinhar a altas temperaturas. Isto faz com que sejam produzidas substâncias altamente irritantes para a mucosa, como resultado da pirólise e da oxidação do óleo. 

Em todo o caso, a dispepsia funcional e a acidez gástrica têm uma diferença fundamental. Na primeira, os sintomas não se devem a uma alteração funcional do aparelho digestivo nem a uma doença metabólica. Portanto, o tratamento farmacológico à base de antissecretores ou antiácidos pode ser muito eficaz. 

Nestes casos, o ideal é modificar o seu estilo de vida e os seus hábitos alimentares. Desta forma, apesar da dispepsia funcional, o seu bem-estar geral e a sua qualidade de vida irão melhorar.

Agora que já sabe o que é uma dispepsia, pode ficar mais descansado por saber que não é um problema de saúde grave. Pelo menos, desde que não cause desconforto ao engolir ou outros sintomas, como, por exemplo, a perda de peso. É considerada grave se apresentar icterícia na pele e nas mucosas, se vomitar ou se houver sangue nas fezes.

Na Atida | Mifarma, preocupamo-nos em fornecer-lhe a melhor informação possível para que possa ter um estilo de vida saudável. Mantenha-se ligado aos nossos canais sociais para saber como manter a sua saúde em dia e, se tiver dúvidas, escreva-nos um comentário.

Reme Navarro Escrivá

Farmacêutica e Nutricionista. Licenciada em Farmácia na Universidade de Valencia no ano 2007, Licenciada em Nutrição na mesma universidade em 2009. Dedicada ao mundo da saúde e da farmácia há mais de 15 anos. De reunião em reunião, na Atida eu escrevo este blog sobre temas que considero interessantes para a saúde e cuidado pessoal.